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Foto do escritorEric Faleiros

VILLA-LOBOS 17/11/1959


Heitor Villa-Lobos, compositor e maestro brasileiro, morreu no Rio de Janeiro em 17 de novembro de 1959. Ele foi o grande responsável pela criação de uma linguagem peculiarmente brasileira na música clássica, sendo considerado o maior expoente do modernismo musical no Brasil e na América Latina, compondo obras que enaltecem o espírito nacionalista em que incorpora elementos das canções folclóricas, populares e indígenas.

Raul Villa-Lobos, pai do compositor, funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador, ensinou-lhe os primeiros passos, adaptando uma viola a fim de que o pequeno Heitor aprendesse a tocar violoncelo. Aos 12 anos, órfão de pai, passou a tocar violoncelo em teatros, cafés e bailes. Mais tarde, interessou-se pela intensa musicalidade dos "chorões", representantes da melhor música popular do Rio de Janeiro. De temperamento inquieto, empreendeu viagens pelo interior do Brasil, absorvendo todo o universo musical brasileiro. Em 1913 casa-se com a pianista Lucília Guimarães.

Em 1922 Villa-Lobos participa da Semana da Arte Moderna, no Theatro Municipal de São Paulo. No ano seguinte embarca para Europa, regressando ao Brasil em 1924. Viaja novamente para a Europa em 1927, financiado pelo mecenas carioca Carlos Guinle. Desta segunda viagem retorna em 1930, quando realiza turnê por sessenta e seis cidades. Realiza também nesse ano a "Cruzada do Canto Orfeônico" no Rio de Janeiro. Seu casamento com Lucília termina na década de 1930. Depois de operar-se de câncer em 1948, casa-se com Arminda Neves d'Almeida a Mindinha, uma ex-aluna.

O impacto internacional de sua obra fez-se sentir especialmente na França e Estados Unidos, comprovado pelo extenso necrológio que o jornal The New York Times lhe dedicou. Villa-Lobos não teve filhos.

As primeiras composições de Villa-Lobos trazem a marca dos estilos europeus da virada do século 19 para o século 20, sendo influenciado principalmente por Wagner, Puccini, pelo romantismo francês da escola de Cesar Frank e pelos impressionistas Debussy e Ravel. Nas Danças características africanas (1914), porém, começa a se afastar dos moldes europeus e a descobrir uma linguagem própria, que viria a se firmar nos bailados Amazonas e Uirapuru (1917). O compositor chega à década de 1920 perfeitamente senhor de seus recursos artísticos, revelados em obras como a Prole do Bebê João. Acerbamente atacado pela crítica, viajou para a Europa em 1923, tomando contato em Paris com toda a vanguarda musical da época. Depois de uma segunda estada na capital francesa (1927-1930), voltou ao Brasil, engajando-se nas novas realidades produzidas pela Revolução de 1930. Apoiado pelo Estado Novo, desenvolveu amplo projeto educacional, em que teve papel de destaque o Canto Orfeônico adotado em todos os estabelecimentos de ensino médio do país.

À audácia criativa dos anos 1920, que produziram as Serestas, os Choros, os Estudos para violão e as Cirandas para piano, seguiu-se um período neo-barroco, cujo carro-chefe foram as primorosas nove Bachianas Brasileiras (1930-1945), para diversas formações instrumentais. Em sua obra, o maestro combinou indiferentemente todos os estilos e todos os gêneros, introduzindo sem hesitação materiais musicais tipicamente brasileiros em formas típicas da música erudita ocidental, procedimento que o levou a aproximar, numa mesma obra, Bach e os instrumentos mais exóticos.

"A música deve a este genial compositor não somente o que deixou de sua obra, mas ainda sua corajosa atitude consistindo em se opor às correntes subversivas da chamada música moderna. Villa Lobos seguiu os preceitos da música verdadeira, enriquecendo-a e marcando-a com a sua forte personalidade.(…) Restará como uma das grandes personalidades do seu tempo e uma das maiores glorias do país em que nasceu".(Pablo Casals, genial violoncelista).

Fonte: http://operamundi.uol.com.br



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