Se você é músico, já deve ter ouvido falar de uma expressão chamada “Círculo Coltrane”, ou “Círculo dos Quintos”.
O nome faz referência ao renomado saxofonista americano John Coltrane, um músico genial que conseguiu “desenhar” a matemática da música, revelando a experiência quase transcendente que ele tinha com as partituras.
O físico e também saxofonista Stephon Alexander recebeu, em 1967, a “teoria” de Coltrane das mãos do próprio criador e, juntamente com o professor Yusef Lateef, a incluiu em seus repertórios, passando, então, a ver a música de Coltrane como “uma jornada espiritual que abraçou as preocupações de uma rica tradição de música autofisipsíquica”.
E Alexander vai além: ele acredita que Coltrane emprega “o mesmo princípio geométrico que motivou a teoria quântica de Einstein”.
Acredite se quiser: essas suposições não são nem um pouco absurdas.
É sabido que todo músico é, em sua essência mais profunda, um matemático; e os mais geniais compositores da história tinham plena consciência disso.
O próprio Coltrane gostava de falar sobre as teorias de Einstein com frequência.
Mas apesar de se expressar mística, espiritual e filosoficamente sobre esses assuntos, Coltrane não dizia muito sobre a teoria por trás da sua música: ela fala por si só.
O “desenho” feito por Coltrane levou vários estudiosos do assunto investigarem os detalhes da sua descoberta, esclarecendo seus desdobramentos por meio de ensaios teóricos.
O clarinetista Arun Ghosh, por exemplo, viu nos “princípios matemáticos” de Coltrane um “sistema musical que se relaciona com o Divino”.
Quem teve a oportunidade de conviver com o músico concorda que a relação entre música e espiritualidade, para ele, era muito intensa e profunda.
Algumas pessoas podem achar a afirmação tendenciosa, mas o que vemos na ampla gama de respostas à teoria musical de Coltrane, tão bem encapsulada no desenho que você viu lá em cima, é que seu reconhecimento das “estruturas da música” foi tanto uma descoberta científica como uma experiência religiosa para ele, de acordo com o professor Lateef.
E ainda conclui:
“Foram processos intuitivos que “surgiram” na mente do músico [Coltrane] através da abstração pela experiência”.
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