Leitura à luz da lua
Sempre interessado em aprender cada vez mais, Bach não poupava esforços para avançar seus conhecimentos. Conta-se que certa vez, antes de completar 13 anos, ele pediu um livro emprestado ao seu irmão mais velho, Johann Christoph. Como este lhe negou, habilmente o menino encontrou uma solução para resolver o problema. Assim, todas as noites após irem se deitar, ele pegava o livro de música e varava madrugadas estudando. Como não podia acender velas para não chamar a atenção do irmão, por muito tempo estudou tendo como única claridade a luz da lua. Esse costume de transcrever obras na escuridão, aliás, perdurou por toda sua vida. Um esforço que certamente contribuiu para a sua completa cegueira.
Caminhada de 200 milhas a pé
Embora nunca tenha feito viagens fora da Alemanha, o compositor alemão chegou a cometer verdadeiras loucuras para vivenciar a música de outros artistas. Sua fama já era grande quando, em Arnstadt, resolveu pedir uma licença de quatro semanas do trabalho. Para ouvir o grande organista Dietrich Buxtehude, ele andou 200 milhas a pé até chegar ao seu destino, Lubeck. O problema é que demorou quatro meses para voltar. Essa "excentricidade" custou-lhe o seu emprego.
Mestre sentimental
A profundidade da música religiosa de Bach é impressionante. E da mesma forma que compunha suas obras, ensinava seus discípulos a executá-las no coral da igreja. Tanto que um de seus alunos, Gottlieb Ziegler, comentou certa vez: "Quanto à maneira de tocar o coral, meu professor, o mestre de capela Bach, ensinou-me de tal forma que não me limito a tocar os corais simplesmente seguindo a música, mas inspirado no sentimento que indicam as palavras".
Trabalhei "duro"
Além de produzir uma obra de imensa variedade e extensão, o grande Bach ainda foi organista, cravista, violinista, regente, diretor de serviços musicais de igreja e professor de meninos. Quando lhe perguntavam o segredo de tanto talento, respondia sem hesitação ou rodeios: "Eu trabalhei duro..."
Anel de Reincken
Bach escreveu para órgão durante toda a sua vida, sendo como organista virtuose e improvisador genial que seus contemporâneos apreciaram sua arte. Consta que ao fim de um longo improviso sobreAn Wasserflüssen Babylon, o velho Reincken - sabidamente um homem orgulhoso - passou-lhe o anel que usava no dedo, e disse em alemão: "Eu pensava que esta arte morreria comigo, mas vejo que ela sobreviverá no senhor". Improvisações que também curvaram duques, príncipes e reis como Frederico 2º em Potsdam.
Nas mãos de um charlatão
Nascidos no mesmo ano e considerados os compositores alemães mais famosos da época, Bach e Handel viveram uma infeliz coincidência. Nunca se conheceram pessoalmente, mas ambos tiveram um destino parecido: quase cegos, foram operados pelo mesmo médico, o inglês ambulante John Taylor. No entanto, as cirurgias de ambos não foram bem-sucedidas e, pelas mãos de um charlatão, eles ficaram completamente cegos. No caso de Bach, a cirurgia não apenas se revelou inútil como contribuiu para agravar o seu estado geral e provocar um segundo ataque de apoplexia, privando-lhe os sentidos e movimentos.
Sistema de numeração BWV
As peças de Johann Sebastian Bach estão catalogadas com os números BWV, sendo que BWV significa Bach Werke Verzeichnis (Lista das Obras de Bach). Compilado por Wolfgang Schmieder, o catálogo foi publicado em 1950. Uma variante desse sistema usa o S (de Schmieder) no lugar de BWV, para identificar o autor do sistema de numeração.