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Foto do escritorRonei Silveira

Velocidade Técnica x Velocidade Mecânica na Mão Esquerda

Almejada pela maioria dos estudantes de guitarra, a velocidade na mão esquerda é um dos principais assuntos de destaque no estudo de técnica. Mas você sabia que esse assunto é dividido em 2 áreas cujos resultados e aplicações são completamente diferentes?

Começando pela Velocidade Mecânica, que é aquela desenvolvida desde nossos primeiros acordes no instrumento. Condicionamos nosso corpo a certos movimentos que passam a ser executados de forma automática e instintiva, como a mudança de acordes simples, frases lineares, slides, bends, ligados, descidas e subidas em escalas, entre outros. Essa categoria de velocidade é necessária e é a primeira a ser apresentada como um treino para melhorar nossa desenvoltura com o instrumento, porém é a que deve ser tratada com mais atenção (é no treino errado de exercícios dessa categoria que aparecem os riscos de lesões nos músculos e tendões).

Um exercício famoso dessa categoria é o 1 2 3 4 e suas variações.



Por outro lado, a Velocidade Técnica merece destaque pela ativação muscular geral da mão esquerda. Nessa categoria, o corpo não decora de modo mecânico e instintivo, mas é condicionado a tratar aquele movimento como forma natural. Para entender melhor esse exemplo, é só pensarmos em uma situação diária, como beber água. Com o seu braço hábil, você pega o copo e o leva à boca de forma instintiva, logo mecânica. Se fizer o mesmo movimento com o seu outro braço, você conseguirá também, porém de forma técnica. Seu braço está condicionado àquele movimento para realizá-lo de maneira natural, mas não o trata de maneira instintiva, logo exige uma concentração muscular geral para realizá-lo, enquanto o movimento mecânico “descansa” os músculos de apoio e utiliza apenas os músculos principais.

Aí entram os exercícios para desenvolver a velocidade técnica. Se você toca muito bem uma descida em escala de forma rápida, mas trava quando tem que fazer um padrão do estilo “desce quatro notas, sobe uma”, então sua velocidade mecânica está ok, mas sua velocidade técnica está falha. Em outras palavras, sua mão aprendeu a fazer aquele movimento, e ficou preguiçosa nele. Toda vez que seu cérebro mandar o comando para ela dizendo “Ei, faça aquela frase!”, sua mão vai usar apenas os músculos de costume. Mas se o seu cérebro disser “Vamos fazer aquela frase, mas vamos mudar uma coisinha ali no meio” sua mão vai ficar perdida, pois apenas os músculos necessários para aquele movimento estariam sendo ativados, e agora sua mão terá que se adaptar ao novo movimento, e começar o ciclo todo novamente. Nesse momento vem aquela frase que todo músico já disse um dia: “Eu sei o que é pra fazer, mas a mão não vai!”

Não passarei exercícios mirabolantes para que você pense que treinar a velocidade técnica é algo absurdo, mas vou propôr uma reflexão sobre o tema. Pegue o seu exercício preferido, aquele que você faz de olhos fechados enquanto realiza cálculos matemáticos mentais. Agora modifique-o até um ponto que você não consiga fazê-lo mais. Inverta a ordem das notas, use salto de cordas, coloque notas de passagem no meio, aumente a distância entre as notas, etc...

Está acostumado com o 1 2 3 4 em todas as cordas? Agora faça 1 4 3 2 5. Sim, 5 notas, com movimentos inversos, em todas as cordas. Quando se acostumar com ele, mude-o novamente até que pareça uma prática completamente estranha. Assim você aumenta a memória muscular para vários padrões diferentes, enquanto evita que sua técnica fique falha.




Fique ligado para mais dicas de técnica e música no geral!



Fonte: Texto e imagens do autor.

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